A primeira fase do modernismo literário brasileiro teve como característica

O Modernismo Brasileiro teve sua culminância com a Semana de Arte Moderna, entretanto, as ideias modernistas já rondavam o país muito antes da Semana de 1922.  O desejo de mostrar um Brasil de verdade, com suas favelas, seu povo sofrido, marginalizado, sem os idealismos românticos, começou em 1902 com a obra “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que descreveu a Guerra de Canudos. Em 1911, “Triste fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto, de forma crítica, mas bem-humorada, trouxe a temática do nacionalismo. Já em 1910, Monteiro Lobato apareceu mostrando o Brasil de Jeca Tatu e do Sítio do Pica-pau amarelo.

Na Europa, no início do Século XX, as vanguardas traziam um novo conceito de arte. Esse novo conceito começou a chegar ao Brasil através dos intelectuais que viajaram para lá. Em 1912, por exemplo, Oswald de Andrade fez sua primeira viagem pela Europa e impressionou-se com um movimento denominado Futurismo de Marinetti. Retornando ao Brasil, escreveu “Último passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde.” O poema não teve boa aceitação por parte do público, o que fez com que seu autor o eliminasse.

As artes plásticas tiveram uma participação de destaque no Modernismo, em 1913, com a exposição expressionista de Lasar Segall, e, em 1917, com a primeira exposição de Anita Malfatti.

A exposição de Anita Malfatti foi tão importante para o Modernismo Brasileiro que, para alguns, o modernismo iniciou no Brasil com essa exposição e foi concluído na Semana de Arte Moderna.

O conhecimento das correntes de vanguarda e o desejo de concretizar uma arte moderna brasileira, valorizando o nacional e eliminando as imitações europeias, possibilitaram o início do Modernismo no Brasil.

O Modernismo Brasileiro foi dividido em três fases. Acompanhe suas características a seguir:

1ª fase (de 1922 a 1930)

Em seu início, os Modernistas eram contra tudo o que estava instituído. A Semana de Arte Moderna sintetizou bem esse caráter da 1ª fase, apresentando polêmica, originalidade e deboche. Segundo Mário de Andrade, os modernistas não sabiam definir o que queriam, mas sabiam o que não queriam. E o que eles não queriam? Continuar com o modelo do tradicionalismo cultural, que vinha vigorando no Brasil nas escolas literárias que antecederam o Modernismo. Eles queriam romper com os paradigmas (modelos) impostos.

Nessa fase, os temas nacionais eram frequentes e a vida em seu cotidiano extremamente valorizada. Além disso, a Literatura fugia da linguagem culta, aproximando-se da linguagem popular.

Principais representantes: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha.

2ª fase (1930)

Nessa fase, a literatura veio mais amadurecida, sem os excessos que marcaram a Semana de Arte Moderna. A arte era engajada e buscava refletir a realidade brasileira. A linguagem manteve-se próxima da popular e as obras apresentaram-se em prosa e poesia. Esta privilegia o sentimento humano, enquanto aquela, a crítica social. 

Principais representantes: Os principais nomes da prosa são: Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Érico Verissimo. Na poesia: Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Jorge de Lima, Murilo Mendes.

3ª fase (1945)

A terceira fase do Modernismo foi marcada pela liberdade. Os artistas dessa época não queriam estar obrigados a nada. Abandonaram os ideais da Semana de Arte Moderna, portanto, não se obrigavam a aproximar sua obra da realidade brasileira, nem queriam ser obrigados a aproximar a linguagem com a popular. Nessa fase, seus representantes buscavam refletir a psicologia humana. 

Principais representantes: Clarice Lispector, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto, Vinicius de Moraes.

*Crédito da Imagem: neftali / Shutterstock


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A primeira fase do modernismo brasileiro sacramentou as renovações no campo da arte e da literatura iniciadas no início do século XX com os pré-modernistas. Na literatura de Lima Barreto, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha, por exemplo, já era possível identificar um menor apego ao cânone literário, além de uma maior preocupação com o desenvolvimento de uma literatura socialmente engajada. A literatura brasileira tomou novos rumos, e o legado dos escritores parnasianos ficou definitivamente para trás.

Até 1922, ano da realização da emblemática Semana de Arte Moderna, a literatura brasileira era essencialmente academicista e influenciada pelos moldes europeus. O parnasianismo era a estética literária vigente, não havia uma cultura acadêmica nacional, com linguagem e conteúdo temático que reproduzissem a realidade do brasileiro comum. Podemos dizer que os primeiros modernistas deram o “grito de independência” cultural que ecoaria por décadas, modificando drasticamente o fazer literário no Brasil. Depois deles, a forma e o ritmo, elementos tão apreciados pela literatura clássica, não seriam mais uma obrigação: estava instituído o verso livre e o combate à arte tradicional.

Erro de português 

Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido

O português.

(Oswald de Andrade)

Dizer que os primeiros modernistas “combatiam” a arte tradicional não é uma força de expressão. Havia, de fato, o interesse em romper drasticamente com qualquer forma de cultura que não fosse construída sobre bases nacionais: esse era o projeto da fase heroica do modernismo, cujos principais representantes foram Manuel Bandeira, Mário e Oswald de Andrade, esse último considerado o mais radical da chamada tríade modernista. Foram deles os principais esforços para a realização da Semana de Arte Moderna de 1922, evento que reuniu um grupo de artistas novos e empenhados em desvencilhar a arte produzida no Brasil da cultura tradicional europeia.

A Semana, que reuniu, além dos primeiros escritores modernistas, grandes nomes das artes plásticas, entre eles Anita Mafaltti, Di Cavalcanti e Brecheret, foi o ponto de encontro das várias tendências artísticas que desde a I Guerra vinham tentando firmar-se em São Paulo e no Rio de Janeiro. Graças ao evento realizado entre os dias 13 e 18 de fevereiro no Teatro Municipal de São Paulo, o modernismo brasileiro ganhou uma plataforma que possibilitaria sua consolidação. Após a realização da Semana de Arte Moderna, várias publicações – as chamadas revistas literárias – e manifestos foram lançados, cujos objetivos eram divulgar as propostas modernistas.

O marco cronológico da geração heroica foi o ano de 1930, período em que surgiram escritores, entre eles Carlos Drummond de Andrade, que iniciaram uma poética com novos elementos estéticos, mas irremediavelmente influenciada pela herança dos modernistas de 1922. É impossível conceber a arte brasileira sem creditar os esforços dos precursores do modernismo, cujos ideais estão presentes em toda literatura produzida durante o século XX até a literatura produzida nos dias de hoje. Graças aos modernistas, que apontaram os caminhos para a construção de uma cultura menos europeizada e europeizante, nasceu a autêntica literatura brasileira.

* A imagem que ilustra o artigo foi criada a partir das capas dos seguintes livros:

Macunaíma, Mário de Andrade; Memórias Sentimentais de João Miramar, Oswald de Andrade (Editora Globo); A cinza das horas, Manuel Bandeira (Global Editora).

A primeira fase do Modernismo ficou conhecida como “fase heroica” e quebrou as regras da cultura tradicional impostas por valores estrangeiros.

A primeira fase do modernismo literário brasileiro teve como característica

saiba mais sobre esta fase do Modernismo - Foto: Concursos no Brasil

A 1ª fase do modernismo, também conhecida como “fase heroica”, fez parte da Semana da Arte Moderna ano de 1922, no Estado de São Paulo, marcando a entrada do modernismo no Brasil.

A primeira geração de escritores modernistas seguiu até o ano de 1930 durante a Elite do Café com Leite. Sua entrada causou polêmica pelas diferenças da arte europeia.

Isso aconteceu porque a primeira fase do modernismo quebrou as regras da cultura tradicional impostas por valores estrangeiros, trazendo uma arte mais brasileira, realista, de humor satírico e sem preocupação com a linguagem coloquial. Era, portanto, uma arte moderna, inovadora e heroica que, embora trazida da Europa, ganhou ares mais populares.

Para conhecer mais sobre a 1ª fase do modernismo, seus autores e obras, continue lendo o nosso conteúdo.

Características da 1ª fase do Modernismo

Poesia sem rima e sem métrica. Ironias e linguagem informal. Humor e erros gramaticais. Assim eram as características marcantes da 1ª fase modernista. É claro que isso foi o assunto da Semana de 22, pois, até então, ninguém ousava fazer algo tão fora dos padrões.

Além dessas, existem outras definições dessa primeira geração, que você acompanha abaixo:

  • Linguagem próxima da oral, do povo;
  • Humor, sátira;
  • Ironias, sarcasmo;
  • Versos livres, sem rima;
  • Críticas à sociedade brasileira;
  • Textos mais próximos do cotidiano;
  • Gírias;
  • Caráter anárquico e destruidor.

O modernismo no Brasil foi liderado pelo trio Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira, autores que deixaram suas identidades em obras importantes, como veremos a seguir.

Principais autores e suas obras

Mário de Andrade

Foi um dos autores precursores da 1ª fase do modernismo. Mário de Andrade ajudou na organização da Semana de 22, e o seu livro de poemas “Pauliceia Desvairada”, tornou-se um marco da primeira geração.

Algumas das principais obras de Mário de Andrade são:

  • Amar, Verbo Intransitivo (1927);
  • Pauliceia Desvairada (1922);
  • Macunaíma (1928);
  • A Escrava que não era Isaura (1925).

Oswald de Andrade

Escritor e dramaturgo, Oswald de Andrade também foi fundador do movimento antropófago junto a Tarsila do Amaral, que visava uma cultura revolucionária brasileira. Militante, foi um dos autores mais polêmicos e irônicos de sua geração.

Suas principais obras da 1ª fase do modernismo foram:

  • Os Condenados (1922);
  • Memórias Sentimentais de João Miramar (1924);
  • Manifesto Pau-Brasil (1925);
  • Pau-Brasil (1925);
  • Manifesto Antropófago (1925).

Manuel Bandeira

Autor de alguns poemas autobiográficos, com teor melancólico e triste, Manuel Bandeira imprimia em suas obras a sua rebeldia, desejo de liberdade, saudades da infância, permeado por temas profundos sobre doenças (tuberculose).

Suas principais obras incluem:

  • Os Sapos (recitado durante a Semana de 22);
  • A Cinza das Horas (1917);
  • Ritmo Dissoluto (1924);
  • Libertinagem (1930).

A 1ª fase do modernismo também foi liderada por outros grandes nomes da literatura, da música e das artes plásticas, como:

  • Alcântara Machado (1901 – 1935);
  • Menotti del Picchia (1892 – 1988);
  • Guilherme de Almeida (1890 – 1969);
  • Di Cavalcanti (1897 – 1976) – Pintor Brasileiro;
  • Heitor Villa-Lobos (1887 – 1959) – Maestro e compositor brasileiro;
  • Lasar Segall (1891 – 1957);
  • Graça Aranha (1868 – 1931).

Por Vania Ferreira

Veja também:

  • Modernismo 2ª fase
  • Modernismo 3ª fase

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