O mundo é bem menos global do que muitos de nos acreditamos

O termo Think Tank se tornou moda nos últimos anos, embora exista desde o início do século XX, especialmente com foco nas relações internacionais. De forma resumida, Think Tank é um movimento formado por grupos autônomos compostos por membros da sociedade que desempenham um papel de advocacy.

Com objetivo de unir teoria e prática, pretende produzir pesquisas, análises e recomendações para formulação de políticas públicas. A ênfase são áreas, como segurança internacional, globalização, governança, economia internacional, questões ambientais, informação e sociedade, redução de desigualdades e saúde e demais assuntos que, de algum modo, contribuem para um ambiente de conhecimento. Instituições de ensino superior têm aderido à proposta e criado seus próprios Think Tanks, que alguns poderiam chamar de “laboratórios de ideias”, onde metodologias robustas de pesquisa são aplicadas para entender melhor os dores da sociedade e influenciar as políticas públicas.

Acompanho de perto a implantação do Think Tank no Brasil na SKEMA Business School, faculdade internacional de negócios onde sou reitora. Estamos mundialmente nesta dinâmica porque temos campus em 7 países e, por isso, nosso desafio é ainda mais interessante e desafiador. Para nossa instituição, a formação disruptiva se baseia em uma educação transcultural e sem formatação.

Graças à diversidade e qualidade de nossos professores acreditamos que a partilha de saber entre as unidades do Brasil, China, Estados Unidos, África do Sul e França está orientada para a pesquisa sobre o digitalismo ético e humanista. A multinacionalidade dos alunos também aporta diferenciadas perspectivas já que temos estudantes de mais de 120 países. É por isso que a SKEMA PUBLIKA, o Think Tank desta instituição, cujo projeto faz parte do plano estratégico da escola SKY25, foi criada em 2021.

Começaremos com a criação de um observatório global da juventude que conduzirá estudos sobre as percepções deles em diferentes países. Para realizar este estudo sobre as opiniões dos jovens, SKEMA PUBLIKA confiou na agência de consultoria empresarial Antidox, especializada no monitoramento de big data e mídias sociais. Esta análise reúne e aprofunda os dados brasileiros apresentados no relatório EYES 2021 (Emergy Youth Early Signs) sobre as preocupações emergentes de jovens de 18 a 24 anos nos 5 países onde a SKEMA Business School está presente.

Vejamos os dados relativos à juventude brasileira: este trabalho é o resultado de entrevistas qualitativas realizadas com estudantes brasileiros e da escuta social realizada no Twitter entre julho de 2020 e junho de 2021. SKEMA PUBLIKA analisou mais de 5,6 milhões de tweets postados por 318.725 brasileiros de 18 a 24 anos, sobre 5 tópicos políticos prioritários para os jovens: mídia tradicional e imprensa, mídia social, segurança, novas tecnologias e o mundo.

Um dos resultados mais perturbadores, comum aos jovens chineses, franceses, americanos, brasileiros e sul-africanos, é sua visão negativa do mundo corporativo: Reproduzo um fragmento da pesquisa: “Esta opinião, compartilhada além-fronteiras, desafia os paradigmas que atualmente regem o emprego assalariado. A visão negativa do mundo corporativo se estende em menor medida ao mundo do trabalho, que é recebido com apreensão e crítica. Os funcionários mais jovens/futuros esperam que sua empresa desempenhe um papel político, social e ambiental ativo. O prestígio de uma empresa não é mais suficiente para atrair jovens talentos”.

Ainda de acordo com o estudo:

– Dados do Instituto Yougov para o ADN mostram que cerca de 9% dos franceses de 18 a 24 anos consideram isso como um fator na escolha de seu futuro empregador. Aproximadamente 89% consideram que a imagem que sua empresa transmite on-line e nas mídias sociais é importante. Entretanto, entre comunicação e ação, ainda há muito espaço para melhorias.

– Outra com uma pesquisa realizada no final de 2021 entre os jovens franceses, apenas 6% deles consideram que tomar uma posição na mídia não é prova suficiente de compromisso com uma causa. Além disso, nosso estudo EYES 2021 revela que os jovens de 18-24 anos não são enganados por um marketing inteligente. Os jovens também esperam mais flexibilidade em suas condições de trabalho e uma busca de sentido e liberdade. Estes são desafios para o mundo empresarial em sua missão e organização, bem como para as faculdades de administração, direito e muitos outros campos que fornecem treinamento para o trabalho nos negócios.

Fazer Think Tank na educação é contribuir para a que a academia esteja ainda mais próxima das demandas sociais e colabore como articuladora e promotora de soluções aos desafios do mundo contemporâneo. Desafio árduo que requer constante atualização, estudo e inovação. Passo dado pela SKEMA PUBLIKA, que está desenvolvendo outras pesquisas inovadoras e disruptivas para servir à política pública e à sociedade.

Casa Branca
9 de junho de 2022

Hotel Intercontinental
Los Angeles, Califórnia

11h13 (Horário do Pacífico)

PRESIDENTE: Obrigado, senhor embaixador. Obrigado a todos vocês. Por favor, sentem-se.

Sou presidente há apenas um ano e meio, mas, toda vez que entro em uma sala e todos se levantam, penso que pode ser um incêndio ou algo assim. [Risos.] Imprensa, isso foi uma piada. [Risos.] Foi uma piada.

Bem, é maravilhoso estar com vocês esta manhã. Estou falando sério. Quero agradecer à Câmara de Comércio por reunir este grupo de líderes empresariais de toda a região.

E todos nós aqui em Los Angeles por uma razão simples: porque acreditamos no incrível potencial econômico das Américas. Eu sei que acredito. Todos nós acreditamos. Quer dizer, creio que o potencial é ilimitado.

A região está cheia de energia dinâmica: empreendedores que estão prontos para decolar, inovadores que vão mudar a maneira como pensamos e como fazemos as coisas, jovens prontos para conquistar o futuro.

Todo mundo — a imprensa sempre me pergunta por que sou tão otimista com o jeito que as coisas estão. Observem todos esses jovens. São os mais instruídos. São os mais generosos. São as pessoas que mais deram duro, estão prontas para serem voluntárias e são as pessoas menos preconceituosas do mundo. É a nova geração. E sustentadora — isso me dá uma enorme sensação de — e digo isso sinceramente — uma enorme sensação de otimismo.

Temos tudo o que precisamos aqui no Hemisfério Ocidental, não apenas para apontar para um futuro mais próspero, seguro e democrático, mas também para alcançá-lo. E para — todos vocês são essenciais a fim de garantir que cheguemos a este lugar que temos de chegar.

Como sabem, o setor privado é capaz de se mover rapidamente para mobilizar grandes quantidades de capital de investimento que serão necessárias para revelar o enorme potencial de crescimento neste hemisfério e na região.

E quando combinamos a capacidade do governo de direcionar a atividade econômica para desafios específicos, ajudar a mitigar riscos, prevenir práticas desleais e criar uma demanda previsível com a agilidade do setor privado, acredito que podemos apresentar melhorias reais para a vida das pessoas. Realmente acredito.

Sabe, minha esposa muitas vezes me lembra que eu tive um médico — muito tempo atrás — que dizia quando eu tive um aneurisma: “É congênito ou é resultado do meio ambiente?”. E eu disse: “Não me importo. Resolva isso.” Ele disse: “Sabe qual é o seu problema, senador?” Eu disse que não. Ele disse: “Você é um otimista congênito.” [Risos.] E sou mesmo. Sou americano e é por isso que sou um otimista congênito. [Aplausos.]

Então, olhe — estou falando sério. Nós podemos fazer qualquer coisa.

Empregos que paguem bons salários e respeitem os direitos dos trabalhadores.

Comunidades que ganham vida em torno de investimentos. Famílias que podem imaginar um futuro com a oportunidade de apenas — como meu pai diria, “apenas dar a elas um pouco de espaço para respirar”. Um pouco de espaço para respirar.

Quando isso acontece, todos prosperam, inclusive todos vocês. Todos vocês. Mas, para isso, temos de atualizar nossa receita, a meu ver, de crescimento econômico. É hora de colocar um prego no caixão, na minha opinião, da economia de gotejamento. Não funciona. Ela mantém você em um mundo cada vez menor. Não funciona. Continua produzindo os mesmos resultados: maior desigualdade, crescimento mais lento, menos concorrência e menos inovação.

Nos últimos anos, expusemos a fraqueza de priorizar os lucros rápidos e trabalhar exclusivamente para maximizar a eficiência.

Vimos em primeira mão a dor que acontece quando as cadeias de suprimentos just-in-time quebram ou atingem um gargalo. Há uma diferença fundamental. E todos — e todos vocês sentiram isso também.

A pandemia da Covid-19 desencadeou uma crise econômica global da qual ainda estamos nos recuperando.

E agora a guerra brutal e não provocada de Putin na Ucrânia criou perturbações econômicas que estão afetando todo o mundo. E isso não é hipérbole.

E esses não serão os únicos choques que teremos de enfrentar. As mudanças climáticas estão aumentando o ritmo e a intensidade dos desastres naturais. Eu saio daqui e, — no meu caminho de volta para o leste, vou parar no Novo México. Eles têm sofrido um impacto incrível em seu meio ambiente ultimamente.

O aumento da desigualdade e da insegurança alimentar em todo o mundo pode alimentar a instabilidade política. Todos vocês sabem disso.

E a questão não é “se” enfrentaremos outra pandemia; é “quando” enfrentaremos e se estaremos preparados na próxima vez.

Assim, a economia do futuro pertencerá cada vez mais àqueles que valorizam a resiliência e a confiabilidade, que investem em inovação a longo prazo e fortalecem sistemas e cadeias de suprimentos agora e mitigam o impacto de choques futuros antes que eles aconteçam.

Cada um de nós — cada um de nós — o governo e o setor privado — tem um papel fundamental a desempenhar. É por isso que estou focado em conduzir políticas econômicas que façam nossa economia prosperar de baixo para cima e do meio para fora, porque, francamente, quando isso funciona, todos se saem bem e os ricos se saem muito, muito bem. Ninguém sai prejudicado. Ninguém sai prejudicado.

Por exemplo, aqui nos Estados Unidos, estamos fazendo um investimento geracional em nossa infraestrutura. Costumávamos ser o número um do mundo quando eu entrei pela primeira vez para o Congresso dos Estados Unidos. Agora somos o número 13 do mundo. Treze.

Não preciso dizer aos empresários o que isso significa em termos de crescimento econômico. Mas estamos corrigindo isso. Esse será o benefício para toda a região.

Estamos investindo US$ 1,2 trilhão, bipartidariamente, para atualizar nossa infraestrutura — visando consertar estradas, pontes e portos em ruínas, e aeroportos de todo o país.

E isso vai ajudar vocês a colocar os produtos no mercado mais rapidamente enquanto criam empregos sindicalizados bem remunerados — e sei que muitos de vocês não gostam que eu diga “sindicato” — mas empregos sindicais apoiam as famílias trabalhadoras e é isso o que está acontecendo.

Todos se beneficiam. Todo mundo ganha quando isso acontece.

E o retorno de nosso investimento fortalecerá a competitividade dos EUA ao longo do século 21.

Saibam que essa é a mesma abordagem que estamos adotando na Parceria das Américas para a Prosperidade Econômica.

Muitos dos países de nossa região se qualificam como países de renda média, mas esse rótulo não remove os persistentes desafios estruturais que ocorrem — e a profunda iniquidade. “Renda média” significa que vocês não têm muitas oportunidades.

Assim, podemos mudar isso e ajudar os governos a tornar a vida melhor, mais fácil e mais justa para seus povos usando instituições financeiras multinacionais hemisféricas para modernizar e mobilizar maiores níveis de investimento privado e criar empregos bem remunerados.

Sei que existem barreiras reais para vocês enfrentarem. É por isso que queremos trabalhar com vocês a fim de proporcionar igualdade de condições.

Como eu disse ontem à noite, os Estados Unidos estão preparados para colocar novo capital na ala de empréstimos do setor privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento — o BID Invest — visando ajudar a catalisar o fluxo de capital privado para a região, especialmente para apoiar start-ups, a conectividade digital, a energia renovável e a saúde.

Por exemplo, precisamos tornar mais fácil para os países da América Latina e do Caribe desenvolver sua infraestrutura 5G sem ter de escolher entre investir em seu futuro digital ou na estrutura de energia renovável — para podermos ter as duas coisas.

Nós precisamos desbloquear o financiamento para que ambos possam ser feitos ao mesmo tempo. Queremos garantir que nossos vizinhos mais próximos tenham uma escolha real entre o desenvolvimento da armadilha da dívida que se tornou mais comum — cada vez mais comum na região e a abordagem transparente e de alta qualidade para infraestrutura e investimento que proporciona ganhos duradouros para os trabalhadores e suas famílias.

E trabalhando através da Corporação Internacional de Financiamento do Desenvolvimento dos EUA para reduzir o risco em torno desses tipos de investimentos, apoiar reformas políticas a fim de melhorar o investimento no clima nos países — desculpe — o investimento no clima — o investimento no clima nesses países e fornecer condições equitativas, vamos abrir novas áreas de investidores do setor privado que não são apenas economicamente viáveis, mas altamente desejáveis.

Saibam que, ao longo desta Cúpula, os governos estão se unindo para assumir compromissos significativos e concretos em uma série de questões vitais visando alcançar um crescimento sustentável e equitativo em toda a região:

Sobre trazer as cadeias de suprimentos para mais perto de casa.

Sobre promover a inovação e desenvolver uma estrutura compartilhada para nosso futuro digital.

Sobre impulsionar nossa ação diante das mudanças climáticas em alta velocidade e acelerar nossa transição para a energia limpa.

Sobre o fortalecimento dos sistemas de saúde e segurança alimentar no Hemisfério Ocidental.

Sobre a gestão da migração segura e ordenada como uma responsabilidade compartilhada através de ações inovadoras e coordenadas visando fazer cumprir nossas fronteiras e estabilizar as populações migrantes, enquanto aproveitamos a oportunidade compartilhada de crescimento econômico.

Meu desafio para todos vocês é: se vocês intensificarem e desempenharem um papel maior na condução de um crescimento inclusivo, sustentável e equitativo no século 21, muita coisa vai acontecer. O que mais vocês podem fazer para se engajar nessas questões que moldam nosso futuro? Não como um favor para mim ou para qualquer líder do governo, mas porque é do seu próprio interesse econômico.

Se vocês fizerem os investimentos necessários para construir cadeias de suprimentos mais seguras e resilientes, isso reduzirá seu custo e o tornará mais competitivo e aumentará seus resultados.

Vocês vão ouvir John Kerry sobre as oportunidades de inovação do setor privado e novos mercados que serão fundamentais para alcançar nossos objetivos climáticos.

Ontem, a vice-presidente [Kamala] Harris falou sobre a mobilização de US$ 3,2 bilhões — mobilizados por nossos esforços do Chamado à Ação na América Central, inclusive de várias empresas que estão nesta sala, para trazer oportunidades econômicas de qualidade para a região.

Estamos expandindo o programa 100 Mil Unidos pelas Américas com o intuito de focar em oportunidades para jovens nas áreas de clima e CTEM, especialmente no Caribe e na América Central.

E peço que se juntem a nós com fundos correspondentes, assim como fizeram quando lançamos o programa há dez anos.

Há muitos outros exemplos, mas permitam-me encerrar com isto: estamos em um ponto de inflexão. Sei que vocês estão cansados de me ouvir dizer quando eu estava concorrendo, e continuo dizendo isso todos os dias. Estamos em um ponto de inflexão. O mundo vai mudar mais nos próximos dez anos do que mudou nos últimos 30 anos.

As decisões que tomamos hoje terão impactos de longo alcance em nosso futuro. Eles vão durar até meados do século. E os líderes empresariais, como — todos vocês veem onde as tendências estão nos levando — estão rumando em direções tão claras quanto as minhas.

E nosso desafio é moldar os resultados para que o futuro reflita os valores democráticos de nossa região, uma economia na qual queremos viver e trabalhar, e que garanta um campo de atuação justo para nossos trabalhadores e nossas empresas.

À medida que navegamos nesse ponto de inflexão, líderes e negócios, e aqueles que saem à frente serão as pessoas que liderarão essa mudança para o futuro — não aqueles parados olhando para trás e sentados às margens.

Nenhum de nós será capaz de realizar plenamente nossas ambições para a região por conta própria.

Então, vamos usar esta Cúpula para enfrentar os obstáculos ao crescimento, nos unir em torno de novas ideias e novas oportunidades para enfrentar os maiores desafios de nossa região e derrotá-los, e assim para todos nós — todos nós prosperarmos.

Realmente acredito que não há nada que não possamos fazer. E acho que estamos preparados.

E vou encerrar com isso que direi um pouco mais tarde na sessão geral: não vejo razão para que o Hemisfério Ocidental, nos próximos dez anos, não se torne o hemisfério mais democrático do mundo, a região mais democrática do mundo. Temos tudo. Temos as pessoas. Temos os recursos. E temos mais democracias neste hemisfério do que em qualquer outro hemisfério.

Portanto, há muito o que podemos fazer, mas muito disso importa no lado do setor privado da equação. Todos vocês estão diante de grandes ideias e oportunidades.

Então, quero agradecer a todos e estou ansioso para trabalhar com vocês.

E como — como meu — toda vez que eu saía da casa do meu avô Finnegan, ele gritava: “Joey, mantenha a fé.” E minha avó gritava: “Não, Joey, espalhe. Espalhe a fé.” [Risos.]

Obrigado. Muito obrigado por isso. [Aplausos.]

11h26 (Horário do Pacífico)

Veja o conteúdo original: https://www.whitehouse.gov/briefing-room/speeches-remarks/2022/06/09/remarks-by-president-biden-at-the-fourth-ceo-summit-of-the-americas/

Esta tradução é fornecida como cortesia e apenas o texto original em inglês deve ser considerado oficial.