Como melhorar os óvulos em 90 dias

Quem nunca quis voltar no tempo? E mais, quem não gostaria de contar com a saúde dos melhores anos da sua vida? Para muitos isso não passa de chorar o leite derramado, mas para quem se dedica à pesquisa e à ciência, como o grupo IVI, conseguir a fórmula do rejuvenescimento pode ser a solução de muitos dos problemas de fertilidade enfrentados atualmente.

Muito antes de uma mulher aparentar uma real idade avançada ela já pode ter atingido a temida idade materna avançada. Este momento, quando o ovário já está envelhecido e produzindo óvulos de qualidade mais baixa, começa a partir dos 38 anos! Isso não significa que acabaram as chances de engravidar, mas sim que este processo é mais difícil e com um risco aumentando tanto para a mãe quanto para o futuro bebê.

Os tratamentos de reprodução humana são capazes de reduzir muitos dos riscos da idade materna avançada, no entanto, quanto os especialistas se deparam com uma baixa reserva ovariana, ou seja, quando percebem que existem poucos óvulos disponíveis e que os mesmos têm um alto risco de alterações genéticas, muitas vezes a solução para a gravidez dependerá de óvulos doados.

Principais causas de uma baixa reserva ovariana:

  • Idade materna avançada: A partir dos 38 anos, ter uma boa reserva ovariana é mais difícil.
  • Menopausa precoce: Atinge 1% das mulheres e pode chegar enquanto a mulher é muito jovem, inclusive antes dos 30 anos.
  • Tratamentos tóxicos: O uso da quimioterapia e da radioterapia pode afetar a saúde reprodutiva de mulheres e homens. Por esta razão antes de iniciar um tratamento contra o câncer é recomendado o congelamento de óvulos e espermatozoides.
  • Fatores externos como fumar, obesidade e anabolizantes podem afetar os óvulos.

Atualmente na Europa, metade dos tratamentos de reprodução humana utilizam óvulos doados. A idade média das pacientes do grupo IVI é de 39 anos, o que reduz as chances de sucesso dos tratamentos com óvulos próprios quando comparado com as taxas de gravidez daquelas que receberam óvulos doados.

Um dos grandes desafios para os especialistas em reprodução humana é encontrar óvulos de qualidade nas pacientes, principalmente a partir dos 38 anos. O diagnóstico genético do embrião (PGS), tem ajudado a identificar os embriões saudáveis e, quando estes não são encontrados, a dificuldade tem sido solucionada com a doação de células progenitoras (óvulos).

Cientistas de todo o mundo pesquisam alternativas para recuperar a qualidade dos óvulos das pacientes. Este futuro provavelmente chegará com o avanço da edição genética.

Por que é preciso rejuvenescer o ovário?

Para reverter o processo natural de envelhecimento ovariano, diferentes pesquisas estão em andamento com o objetivo de ativar os “óvulos adormecidos”, que são aqueles que permanecem no ovário, mas não se desenvolvem para serem fecundados, mesmo com o estímulo de medicamentos.

O tratamento de estimulação ovariana ajuda a ativar os óvulos que não estão se desenvolvendo naturalmente até certo ponto, porém a eficácia desse tratamento é menor com o avanço da idade materna ou dependendo do nível de infertilidade. Estes são os casos que chamamos de “mal respondedoras” porque se tratam de pacientes que respondem mal ou não respondem aos medicamentos de estímulo ovariano. Como possível solução, podem ser realizados vários ciclos para acumular óvulos pouco a pouco, porém esta estratégia nem sempre é possível para todas as pacientes mal respondedoras.

Para conseguir o rejuvenescimento do ovário a solução mais prometedora se apoia na genética, através do tratamento com células-tronco capaz de ativar os óvulos adormecidos da reserva ovariana. Desde a chegada da ferramenta de edição genética CRISPR, no ano passado, foi possível ganhar velocidade nas pesquisas, mas ainda não há previsão sobre quando teremos o tratamento para a rejuvenescimento ovariano disponível nas clínicas.

Não desista do seu sonho!

Se você foi diagnosticada com uma baixa reserva ovariana, não perca as esperanças! Pois atualmente centenas de mulheres que receberam este diagnóstico conseguiram ser mães. Para tanto, elas tiveram seus tratamentos personalizados. Algumas contaram com óvulos doados, outras conseguiram alguns óvulos maduros que geraram embriões saudáveis identificados com o estudo genético do embrião (PGS) e todas elas, sem exceção, não desistiram mesmo nos momentos mais difíceis do tratamento e, graças a esta confiança em que teriam um dia seus bebês, este sonho se realizou.

Como melhorar os óvulos em 90 dias

Sabe-se que a obtenção de bons embriões depende de uma boa maturação dos óvulos, e o ambiente neste processo influencia nos resultados finais de implantação e gestação.

A competência embrionária é definida pelo genoma do embrião, que não é ativado antes do estágio de clivagem, ou seja, das divisões celulares que se dão após a fertilização. Durante o crescimento dos folículos ovarianos nos tratamentos de FIV os oócitos vão sofrer a maturação do seu citoplasma, que é o líquido intracelular que contêm elementos celulares importantes como as mitocôndrias.

As mitocôndrias são responsáveis pela produção de energia das células e são muito importantes na divisão celular e crescimento embrionário. Atitudes e mudanças no estilo de vida que podem melhorar o funcionamento das mitocôndrias e por consequência, de todas as funções celulares são de grande valia, não apenas a saúde reprodutiva, mas para uma vida saudável.

Com a idade, a quantidade dos óvulos recuperados em um tratamento diminui, assim como a maturação oocitária perde sua qualidade, diminuindo assim a taxa de gravidez e aumentando a taxa de aborto.

O envelhecimento tem papel importante nesse processo, e diversos estudos têm sido realizados para se encontrar algo que reverta esse quadro. Algumas das medidas que podem ajudar a reduzir os efeitos do envelhecimento serão listadas abaixo:

  1. Coenzima Q10 – é uma substância promissora que participa da geração de energia celular auxiliando no processo de divisão e multiplicação celular. Já demonstrou bons resultados em estudos com ratos e no momento estão sendo realizados estudos com seres humanos.
  2. Testosterona – com a idade os níveis de testosterona diminuem. E esse hormônio participa na proliferação das células da granulosa, que são as células que circundam os folículos e possuem papel importantíssimo na maturação oocitária. Na prática são utilizados em creme, gel, patch e DHEA via oral.
  3. Antioxidantes – o stress oxidativo causado pela redução das defesas antioxidantes vem com a idade, causando envelhecimento e aumento de morte celular. O uso de vitamina C, E, D, ácido alfalipóico, picnogenol entre outras medidas listadas abaixo podem reduzir o stress oxidativo.
  4. Obesidade – a obesidade se traduz ao corpo como estado inflamatório, que pode afetar tanto a produção de óvulos quanto a qualidade endometrial. O IMC acima do normal já aumenta o risco de aborto. O IMC maior de 35 kg/m² dobra o risco de parto prematuro antes de 32 semanas. E exercícios físicos vigorosos aumentam em 3 vezes a chance de gravidez por FIV.
  5. Tabagismo – mulheres tabagistas têm metade da taxa de gravidez das que não fumam. O cigarro aumenta em ¼ o risco de aborto. Por isso, o certo é parar de fumar de 3 a 6 meses antes de iniciar o tratamento de FIV.
  6. Álcool e cafeína – o uso de álcool durante o estímulo ovariano reduz o sucesso da FIV. O uso de cafeína em grande quantidade também pode reduzir as taxas de gravidez. O recomendado seriam duas xícaras pequenas por dia de café.
  7. Produtos finais da glicação – alimentos muito quentes como churrasco e carnes bem passadas podem interferir na resposta ovariana, o ideal é comer alimentos cozidos, escaldados ou esquentados no microondas.
  8. Bisfenol A (BPA) – a taxa de BPA urinário encontra-se duas vezes mais altas em mulheres com má resposta. O BPA é um desregulador endócrino e está relacionado ao abortamento, além de piorar a qualidade espermática. Está presente no plástico tipo 7, o policarbonato e em comidas enlatadas.
  9. Atividade Física – exercícios físicos moderados para o casal reduzem o estresse oxidativo e aumenta os antioxidantes circulantes e intracelulares. Mulheres de IMC normal tem piora das taxas de gestação com exercícios extenuantes, o que não acontece com as obesas, que se beneficiam desta prática. Sabe-se que homens apresentam redução da qualidade seminal ao realizarem mais de 5 horas semanais de ciclismo, não pela atividade física, mas pelo aquecimento da região escrotal nesta modalidade.
  10. Dieta – a melhor dieta para a fertilidade é a dieta com pouca carne vermelha e gorduras saturadas, rica em peixes, frutas e legumes. Conhecida como Dieta Mediterrânea. Ela é farta em Ômega 3, que melhora a potência reprodutiva do casal por oferecer alta capacidade antioxidante.

Fonte: Fertility and Sterility, vol 105, no.3, Março 2016. 571-87.