Como foi a viagem dos imigrantes italianos para o Brasil

Como foi a viagem dos imigrantes italianos para o Brasil

Italianos chegando de navio ao Brasil em 1907 (Acervo do Memorial do Imigrante)

Introdução: período histórico

Os primeiros imigrantes italianos começaram a chegar ao Brasil na década de 1870. Porém, foi entre as décadas de 1880 e 1910 que houve o maior fluxo de italianos para o território brasileiro, principalmente, para as regiões sul e sudeste do país.

As principais causas da imigração de italianos para o Brasil

Grande parte dos italianos que migrou para o Brasil eram de origem humilde, principalmente de regiões rurais da Itália. O Brasil era visto como uma terra nova, repleta de oportunidades. Vale lembrar que a Itália passava por uma crise de emprego na segunda metade do século XIX, gerada, principalmente, pela industrialização do país. O alto crescimento populacional não foi acompanhado pelo crescimento econômico do país e pela geração de novos empregos, fazendo com que muitos italianos optassem pela vida em outros países (Brasil, Estados Unidos, Argentina, França, Suíça, entre outros).

Se por um lado a Itália tinha muitas pessoas querendo buscar trabalho em outros países, o Brasil necessitava de mão de obra. Após a Abolição da Escravatura (1888), os agricultores optaram pela mão de obra de origem europeia, ao invés de integrarem os ex-escravos ao mercado de trabalho. O próprio governo brasileiro fez campanha na Itália para atrair esses italianos para o trabalho na lavoura brasileira.

Como foi a viagem dos imigrantes italianos para o Brasil

Família de Imigrantes Italianos ao chegar ao Brasil (foto do ano 1900).

As colônias italianas no Brasil

Grande parte das colônias italianas se concentrou nas regiões sul de sudeste do Brasil. O estado de São Paulo foi o que mais recebeu imigrantes italianos que foram trabalhar nas lavouras de café e também nas indústrias da capital do estado. 

Já no sul do país, estes imigrantes se concentraram, principalmente, na região da Serra Gaúcha. Muitas colônias italianas foram criadas em cidades como, por exemplo, Bento Gonçalves, Caxias do Sul e Garibaldi. A cultura de uva para a produção de vinho foi a principal atividade econômica realizada por estes imigrantes.

Como foi a viagem dos imigrantes italianos para o Brasil

Operários de uma fábrica no bairro da Mooca em São Paulo: maioria composta por imigrantes italianos e seus descendentes (foto de 1924).

Os empreendedores italianos

Alguns italianos chegaram ao Brasil dispostos a criar pequenas empresas e prosperar na nova terra. Vendiam o que tinham na Itália e investiam no Brasil em áreas como a agricultura, comércio, prestação de serviços e indústria. Muitos destes italianos empreendedores prosperaram em seus negócios, gerando riquezas e empregos no Brasil. Um dos exemplos mais conhecidos foi de Francesco Matarazzo e seus irmãos, que emigraram para o Brasil em 1881 e construíram em São Paulo um verdadeiro império industrial.

A diminuição da imigração italiana para o Brasil

No começo do século XX, começou chegar à Itália, notícias das péssimas condições de trabalho e moradia de famílias italianas residentes no Brasil. Essas informações foram divulgadas pela imprensa, fazendo com que diminuísse drasticamente a vinda de italianos para o Brasil. Outro fato que influenciou essa queda na imigração, foi o controle feito pelo governo de Benito Mussolini sobre a imigração no final da década de 1920.

A cultura italiana no Brasil

Os italianos que vieram viver no Brasil trouxeram na bagagem muitas características culturais que foram incorporadas à cultura brasileira, estando presentes até os dias de hoje. Muitas palavras italianas foram, com o tempo, fazendo parte do vocabulário português do Brasil. No campo da culinária esta influência foi marcante, principalmente, nas massas (macarronada, nhoque, canelone, ravióli, etc.), molhos e pizzas. Os italianos também ajudaram a fortalecer o catolicismo no país. 

Curiosidades históricas:

- Comemora-se em 21 e fevereiro o Dia Nacional do Imigrante Italiano.

- De acordo com dados estimados da Embaixada da Itália no Brasil, vivem no país cerca de 25 milhões de descendentes de italianos, sendo que grande parte concentrada nas regiões sul e sudeste.

- Entre os séculos XIX e XX, cerca de 1,5 milhão de imigrantes italianos vieram residir no Brasil.

Como foi a viagem dos imigrantes italianos para o Brasil

Foto antiga mostrando italianos na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo (por volta de 1890).

Saiba mais:

- Conheça as razões da imigração italiana para o Brasil no website do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

atualizado em 07/08/2020Por Jefferson Evandro Machado Ramos

Graduado em História pela Universidade de São Paulo - USP (1994).

O “Dia do Imigrante Italiano” é celebrado em 21 de fevereiro no Brasil. Estima-se que mais de 30 milhões de brasileiros são descendentes de italianos, o que faz do Brasil o país com maior número de descendentes italianos no mundo.

A data foi instituída em 2008 para homenagear o maior movimento migratório internacional  e relembra a chegada em Vitória (ES) do navio La Sofia, em 21 de fevereiro de 1874. Este dia que ficou marcado simbolicamente como o início do processo de migração em massa de italianos para o Brasil.

No dia 21 de fevereiro de 1874, chegava ao Brasil o Vapor “La Sofia” com a primeira leva de imigrantes italianos, composta por 380 famílias. Em homenagem a esta data, desde 2008 o Brasil celebra o “Dia Nacional do Imigrante Italiano” todo 21 fevereiro.


Dia do Imigrante italiano no Brasil: origem

A imigração italiana no Brasil teve duas fases. Na primeira, famílias inteiras vieram para trabalhar no campo. Em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, o café estava em franca expansão na segunda metade do século XIX e era a principal atividade econômica do Brasil. No sul do país, os italianos se dedicaram à produção de uva e de vinho, atividades a que já estavam familiarizados.

Mas cruzar o Atlântico em direção à América não era nada fácil: a viagem, na terceira classe do navio a vapor, podia durar até 40 dias.


Para ajudar a passar o tempo dentro do navio, tornar a viagem mais leve e evitar que o pensamento pairasse em tudo e em todos que foram deixados para trás, a cantoria era comum, e uma das músicas preferidas era a canção folclórica Mérica, Mérica: – “Mérica, Mérica, Mérica, cossa sarà ‘sta Mérica? Mérica, Mérica, Mérica”.

Por que os italianos vieram para o Brasil?

Os italianos, como todos os demais imigrantes, deixaram seu país basicamente por motivos econômicos e socioculturais. A emigração, que era muito praticada na Europa, aliviava os países de pressões socioeconômicas, além de alimentá-los com um fluxo de renda vindo do exterior, em nada desprezível, pois era comum que imigrantes enviassem economias para os parentes que haviam ficado.

No caso específico da Itália, depois de um longo período de mais de 20 anos de lutas para a unificação do país, sua população, particularmente a rural e mais pobre, tinha dificuldade de sobreviver quer nas pequenas propriedades que possuía ou onde simplesmente trabalhava,quer nas cidades, para onde se deslocava em busca de trabalho.

Nessas condições, portanto, a emigração era não só estimulada pelo governo, como era, também, uma solução de sobrevivência para as famílias. Assim, é possível entender a saída de cerca de 7 milhões de italianos no período compreendido entre 1860 e 1920.

Cidadania italiana por descendência: confira quem tem direito


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Viagens Italianas

As relações de vapores, a chegada à hospedaria de imigrantes

A viagem para a América foi uma experiência terrível para aqueles que foram obrigados a emigrar em busca de novas oportunidades. Antes mesmo da partida, começavam os percalços devido à exigência de se apresentar nos portos dias antes do embarque. Assim, viam-se obrigados a fazer gastos extraordinários, tornando-se vítimas de toda a sorte de aproveitadores - dos agentes das companhias de navegação e de viagens, dos comerciantes e vendedores. Nos relatos sobre a experiência da viagem até o novo mundo, as lembranças recorrentes dos imigrantes italianos estão associadas às precárias condições dos navios e a estranheza diante dos dialetos e costumes dos seus conterrâneos oriundos das distintas regiões italianas. Mas lembram-se também de raros momentos de confraternização, quando então passageiros e tripulação festejavam a passagem pela linha do equador.

Na chegada, os imigrantes eram levados às hospedarias, que os acolhiam por alguns dias, e após inspeção médica, encaminhavam-nos às áreas de plantação. A Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores (1883-1965), localizada no município de São Gonçalo (RJ), era um dos primeiros pontos de desembarque dos imigrantes que vinham para o Brasil.

A relação de passageiros do vapor Ville de Santos registrava 216 tiroleses, 28 franceses, 31 italianos e quatro suíços, que embarcaram em Le Havre (França), em julho de 1875, e 28 dias depois chegaram ao Rio de Janeiro. As listas de passageiros, que deviam acompanhar as "expedições de imigrantes", indicavam além da nacionalidade e o local do nascimento, o nome, a idade, a profissão, a religião, o estado civil e a idade. Joaquim Caetano Pinto foi um grande empresário do recrutamento de imigrantes realizado por meio de contratos com o governo imperial. No contrato assinado em 1874, comprometia-se a recrutar cem mil imigrantes europeus, constando entre eles italianos do norte, num período de dez anos. Os imigrantes seriam recrutados entre "agricultores sadios e de boa moral", para criar núcleos coloniais de povoamento, tendo por base a pequena propriedade e o trabalho familiar no Sul do país. As listas de passageiros das companhias de navegação italiana Florio & Rubbatino e La Veloce, ambas de 1888, cujas passagens passaram a ser subvencionadas pela província e depois pelo estado de São Paulo, representam outra face da política imigratória brasileira. Os navios desembarcaram aqui um contingente sem precedentes de italianos destituídos de posses que substituiriam os escravos, para atender os interesses da agricultura cafeeira de exportação.

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