Publicado em 13/04/2008 11h35 Show Última atualização em 13/04/2008 11h35 VIVIAN CUNHA A acne é a doença multifuncional mais comum entre os adolescentes. Na maior parte dos casos, há uma predisposição genética do paciente. Mas o aumento da produção de hormônios sexuais na puberdade estimula as glândulas sebáceas da pele a produzir mais sebo (oleosidade) e a existência de bactérias que se alimentam desse sebo. Nas mulheres, a incidência de acne ocorre entre os 14 e 17 anos. Entre os homens, o problema aparece entre os 16 e 19 anos. São eles que geralmente costumam ficar com mais seqüelas. “Comecei a notar o surgimento de acne desde os meus 18 anos. Para melhorar a aparência, lavo constantemente o rosto por causa da oleosidade. Limpeza de pele faço de vez em quando”, diz o estudante de Educação Física, Jussiê Vasconcelos, 21. Em um primeiro estágio, o sebo acumulado é um pequeno ponto preto chamado cravo. A inflamação da pele caracteriza a espinha, um ponto vermelho que pode conter pus. No entanto, o fundamental é não espremer nenhum deles, pois a conseqüência é causar uma inflamação mais intensa e deixa cicatrizes. “As áreas mais atingidas são aquelas onde há maior número dessas glândulas: a chamada "zona T" da face (testa, nariz e queixo), região dorsal (costas) e parte do colo”, explica a dermatologista da clínica Stockli, Tatiana Steiner. O papel os alimentos em relação ao aparecimento das espinhas ainda é controverso. “Eu acredito que a ansiedade, gula, depressão e etc, são fatores emocionais que pioram o caso na maioria das vezes. Assim, quem está ansioso e comendo mais chocolates, com certeza poderá estimular esse surgimento”, comenta Steiner. No entanto, mesmo com essa polêmica muitos jovens não deixam de comer o que sentem vontade. “Uma vez estava comendo molho de pimenta com a comida e minha tia disse que isso aumentava o surgimento das espinhas. Continuei comendo naquele momento, mas depois fiquei com receio de comer. Mexeu com meu psicológico, mas de resto como de tudo”, conta a universitária Jamile Rodrigues, de 19 anos. Para Steiner, a recomendação para não ter muitas marcas no rosto é tratar no início das lesões. “Nós vemos muitos adolescentes com um quadro intenso, sem tratamento, deixando evoluir por muito tempo. Muitas vezes é por desorientação de não saber que há cura para as espinhas. Todos os serviços públicos de dermatologia oferecem o tratamento. Não há desculpas para não se tratar”, completa.
“Ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto”, já cantava Rui Veloso sobre os desafios de ser jovem. A ligação entre juventude e acne está longe de ser apenas um mito e tema de canções: cerca de 85% dos adolescentes são afetados por acne, em graus diferentes, com sequelas que podem permanecer para a vida adulta. Apesar da incidência e da visibilidade da acne na adolescência, “nos dias de hoje, não há motivo para um jovem desanimar”, realça Joaquim Cabrita, dermatologista do Hospital Lusíadas Albufeira e da Clínica Lusíadas Faro. O especialista lembra que, atualmente, estão disponíveis “medicamentos e técnicas para lidar com todos os tipos de acne e sequelas”. Em paralelo, os cuidados de rosto e de alimentação são importantes para prevenir o agravamento da acne. O que provoca a acne?Esta é uma doença da pele muito comum, que afeta os folículos sebáceos e os torna excedentários de gordura e células mortas. Na maioria dos casos, a acne não surge por uma única causa, mas por uma combinação de fatores:
Além destas causas, “outros fatores podem influenciar negativamente a evolução da acne, como o stresse, a aplicação de produtos agressivos na pele e a manipulação das lesões inflamadas”, acrescenta Joaquim Cabrita. A alimentação não é vista como uma causa para a doença. No entanto, estudos científicos sugerem que os alimentos ricos em açúcar e leite, quando consumidos de forma regular, aumentam a produção de sebo e, com isso, podem agravar a acne. Porquê a acne na adolescência?A acne afeta cerca de 85% dos adolescentes e, desses, entre 10% a 20% precisam de aconselhamento especializado por um dermatologista. Apesar de, tendencialmente, ser “mais precoce no sexo feminino”, como explica Joaquim Cabrita, a doença “acaba por assumir formas mais graves nos rapazes”. Mas por que razão estão os adolescentes mais predispostos a ter acne? Tudo gira em torno das alterações hormonais da puberdade (acentuadas na adolescência), que desencadeiam e agravam as lesões da pele. As hormonas estimulam as glândulas sebáceas a produzir mais sebo, o que, por sua vez, origina uma proliferação da bactéria Propionibacterium acnes e o consequente processo inflamatório. Além das marcas físicas, a doença contribui também para uma autoimagem negativa nos adolescentes. Joaquim Cabrita deixa, por isso, o alerta: “A acne na adolescência, por ser um período da vida em que ocorrem rápidas e importantes modificações físicas e psíquicas, pode ter um impacto psicossocial importante, afetando a autoestima dos jovens, levando ao isolamento social e, em alguns casos, à depressão e ideação suicida.” Como se manifesta?A acne não é igual para todos – e pode variar no tipo e gravidade das lesões. No entanto, há algo em comum: a zona do corpo onde se manifesta. “A acne afeta, sobretudo, a área central da face (mais rica em folículos sebáceos) e a parte superior do tronco”, esclarece o dermatologista. Por norma, a doença evolui gradualmente. Primeiro, a pele torna-se mais oleosa. Aparecem os primeiros pontos negros (comedões abertos) e pontos brancos (comedões fechados). Com a progressão da acne, os comedões podem evoluir para lesões inflamatórias superficiais (pápulas inflamatórias e pústulas) ou mais profundas (nódulos e quistos). Estas lesões podem originar sequelas como pigmentações persistentes e cicatrizes definitivas. Cuidados a terA acne está ainda numa fase inicial? Nesse caso, alguns cuidados diários de higiene e alimentação podem evitar a progressão dos pequenos pontos negros e brancos para lesões inflamatórias. A saber:
Acne na adolescência: quando consultar o dermatologista e qual o tratamento?A consulta com um especialista em dermatologia é recomendada quando a área afetada pela acne é extensa, a terapêutica tópica não está a obter os resultados esperados (permanece o número de lesões, a sua intensidade e inflamação) ou exista um histórico de recorrência frequente (sobretudo com tendência a cicatrizes e pigmentações persistentes). “Quando surgirem lesões inflamadas com pus (ou mais profundas e dolorosas), em número que justifique, ou uma acne mais extensa e recorrente com tendência cicatricial, pode haver necessidade de recorrer a uma consulta especializada”, resume Joaquim Cabrita. Cada caso é um caso. Por isso, o tratamento para a acne recomendado pelo dermatologista tem em conta a idade do adolescente, o sexo, a área afetada e o tipo predominante de lesões. Segundo o dermatologista do Hospital Lusíadas Albufeira e da Clínica Lusíadas Faro, estas são as principais abordagens terapêuticas seguidas: Terapêutica tópica (no caso de lesões inflamatórias, poderão ser necessários antibióticos de aplicação local); Medicamentos orais (para as raparigas, poderá ser prescrita uma terapêutica hormonal – pílula); Casos mais persistentes, com maior inflamação ou tendência cicatricial necessitam de uma terapêutica mais agressiva. A cirurgia apenas é recomendada para quistos e cicatrizes.
Você sabia que quase 80% dos adolescentes sofrem de acne? Isso é a grande maioria! Se as espinhas estão incomodando você, pode ter certeza que não está sozinho. Mas qual a causa da acne na adolescência? Bom, a puberdade e as alterações hormonais em nossos corpos são os grandes responsáveis. Na puberdade, nossos órgãos sexuais (testículos nos meninos e ovários nas meninas) começam a produzir diferentes hormônios. Um grupo de hormônios é chamado andrógeno, e seu integrante mais famoso é a testosterona. Os andrógenos têm muitos efeitos no corpo: tanto nos meninos quanto nas meninas, eles estimulam o crescimento de pelos corporais e aumentam a massa muscular e óssea. Nos meninos, os níveis mais altos de andrógenos também causam uma “mudança” na voz e o surgimento de pelos faciais. Quanto aos efeitos dos andrógenos na pele, eles se comunicam diretamente com a glândula sebácea, dizendo para aumentar a produção de óleo. Como resultado, durante a puberdade, o rosto - e muitas vezes as costas - ficam mais oleosos e os poros da pele acabam sendo obstruídos com uma mistura de sebo e células mortas da pele. Assim, diferentes tipos de espinhas podem surgir, desde cravos a pústulas ou cistos profundos e doloridos. |