Parto normal ou cesárea qual o melhor

O parto, além de ser um ato fisiológico, é um ato médico. Muito se discute sobre a decisão de tentar o parto normal ou agendar a cesárea previamente por fatores que variam da comodidade às crenças populares. Atualmente, os índices de cesáreas no país vem crescendo, representando, atualmente, 43% dos partos em 2007, segundo o Ministério da Saúde. O número está muito além dos 15% apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Na tentativa de normalizar a situação, diversas propostas vêm sendo discutidas entre médicos, governo e sociedade, nem sempre felizes. A mais recente foi da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que anunciou um pacote de supostos benefícios a vigorar a partir de dezembro na tentativa de incentivar o parto normal. O pacote teoricamente visa a reduzir as cesarianas por meio da oferta de alguns atrativos às mães que optarem pelo parto normal. Entre eles, a presença do acompanhante antes, durante e após o parto; quartos com até duas gestantes; a possibilidade de o bebê ficar ao lado da mãe no quarto, se não houver impedimento clínico; e a liberdade de escolha da mulher, também se não houver impedimento clínico, quanto à posição em que dará a luz: de cócoras ou deitada. Mas será que a mãe tem realmente pleno domínio desse processo e amplas condições de tomar tal decisão sozinha? A palavra do médico, sua experiência cotidiana, a bagagem de conhecimento científico não valem nada numa hora dessas? Ora, a medicina determina algumas situações em que o médico tem de necessariamente optar pela cesárea. Embora em alguns casos esta decisão possa ser tomada com antecedência, como nos casos de partos cesáreas anteriores ou gestações gemelares, na grande maioria dos casos ela só pode ser tomada com segurança durante o trabalho de parto. A posição do bebê, a falta de dilatação uterina ou ainda o sofrimento fetal são os maiores responsáveis pela decisão de se realizar uma cirurgia para a saída do concepto. Cabe, portanto, ao médico, decidir, orientar e adiantar para a gestante todas as possíveis complicações e mudanças de planos que podem porventura surgir até o nascimento. Como toda cirurgia, a cesariana não é sempre isenta de riscos. Também exige maior tempo de internação e resulta em pós-operatório que requer mais cuidados nos dias ou semanas seguintes. Já no parto normal, além dos benefícios para a mãe, que não passa por uma cirurgia, há uma série de vantagens ao bebê, como expansão pulmonar mais natural e menor risco de desconforto respiratório. Voltando à tentativa do governo de incentivar o parto normal, o que acontecerá com a mãe que, mesmo inclinada a ter seu bebê pela via natural, tiver de se submeter a uma cesariana por determinação clínica. Se essa for a única forma de o procedimento chegar a bom termo para ela e para a criança, será mesmo assim punida com a retirada de todos os benefícios que já havia vislumbrado? É com a perspectiva de criar distorções como esta que este projeto foi anunciado como "uma tentativa de incentivar a humanização do parto". Humanização? Humanização tem origem na escola, no ensino médico de qualidade, na segurança e no conforto a todas as gestantes, independentemente da indicação clínica para o tipo de parto. A humanização deve contemplar maternidades e centros obstétricos e enfermagem obstétrica à altura do bem-estar materno-fetal. Também envolve extinguir as malfadadas Casas de Parto, que se prestam apenas aos menos favorecidos, enquanto os que as preconizam buscam para suas filhas e esposas as melhores maternidades e os melhores obstetras. Para completar, nos deparamos com o absurdo dos cursos formadores de parteiras, em detrimento do direito da enfermeira obstétrica de acompanhar o parto, cuja formação acadêmica atende às necessidades da boa assistência ao parto.

Dr. Antônio Carlos Lopes - Professor Titular da Disciplina de Clínica Médica da Unifesp/EPM, Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, e Ex-Secretário Executivo da Comissão Nacional de Residência Médica/MEC

Algumas mulheres ainda querem ter um parto surpreendente como nos filmes: a mãe coloca as mãos na barriga enquanto a bolsa estoura na cozinha. Aflito, o pai vai em direção ao carro para uma corrida frenética até o hospital. Ainda assim, a possibilidade de poder programar a chegada do bebê, com data e hora marcada, tem chamado a atenção da maioria das grávidas. 

Parto normal ou cesárea qual o melhor
Parto normal ou cesárea qual o melhor

De acordo com dados do Ministério da Saúde, 52% das futuras mamães optam pela cesariana no Brasil, sendo que 82% são realizados na rede privada e 37% na rede pública. Claro que alguns desses casos acontecem por ordem médica, mas há também as mães que desconsideram o parto normal por medo da dor ou em busca de um processo mais rápido.

Para a ginecologista e obstetra Carolina Curci, o melhor parto é aquele em que a mãe e o bebê se saem bem, mas desde que haja condições normais como contração, útero dilatando e neném encaixado de forma correta, o parto normal é a melhor opção.

“É a data do bebê, não da conveniência dos pais, do aniversário do avô da criança ou do feriado. Esse é um grande desafio para a mãe”, acrescenta o ginecologista e obstetra Alberto Jorge Guimarães.

Com a ajuda dos especialistas, o Terra tirou as principais dúvidas das futuras mães na hora de decidir a melhor forma de ter o bebê. Confira a seguir.

Como é feita a cesariana?

A cesariana é um procedimento cirúrgico em que é preciso fazer uma anestesia, que pode ser a raquiana ou peridural. As duas são aplicadas nas vértebras das costas. De acordo com Alberto Jorge Guimarães, como a peridural demora um pouco mais para fazer efeito e as mulheres sentem a movimentação durante a cirurgia, é mais comum o uso da raquiana. Depois disso, é feita uma sondagem, antissepsia (limpeza especial) e uma incisão por sete camadas até chegar ao bebê.

Como é feito o parto normal?

O normal envolve um trabalho de parto, com contrações sentidas na hora certa. A partir disso, o médico avalia a dilatação do colo do útero, que deve chegar a 10 cm. Se o espaço for insuficiente para o bebê passar, é feito um corte cirúrgico na região perineal. Quando o colo estiver completamente dilatado e as contrações estiverem fortes, as paredes do útero farão uma pressão e, com a ajuda da mãe, impulsionarão a criança para fora.

Quanto tempo dura cada processo?

No geral, a cesariana é realizada em uma hora. Já o parto normal tende a variar e pode durar até 15 horas quando feito pela primeira vez. “Como é um organismo que nunca dilatou, o processo costuma ser mais lento. Normalmente, as mães de primeira viagem dilatam um centímetro por hora”, explica Carolina Curci.

Para evitar dores, o parto normal pode ser feito com anestesia?

Sim. A ideia de que a mãe precisa sofrer todas as dores do parto não é real. “Algumas mulheres fogem desse processo por medo da dor, mas é possível dar uma anestesia e fazer com que ela continue participando do trabalho de parto”, explica Guimarães. De acordo com o obstetra, se a mãe estiver sentindo dores, o médico pode aplicar a anestesia combinada, que mistura raquiana e peridural em dosagem menor, aliviando o desconforto. “O obstetra tem a obrigação de já sair pensando no parto normal. A ideia de dizer ‘vamos escolher qual parto você quer’ ou ‘esse dói e esse não dói’ é um erro. Isso não é escolha, é indução”, justifica o obstetra.

A escolha do parto pode afetar a saúde do bebê?

Durante a formação do feto, os pulmões se desenvolvem em um ambiente cheio de líquidos e, até o nascimento, esse órgão não tem um funcionamento efetivo. Com o parto normal e a passagem do bebê pela pelve, que é estreita e apertada, ocorre a retirada do excesso de líquido dentro dos pulmões. “Isso acontece por conta da compressão torácica e o bebê se recupera melhor, tendo menos riscos de desenvolver problemas respiratórios. Ainda assim, é importante lembrar que a escolha do parto não afeta no desenvolvimento neurológico da criança”, afirma Curci.

Por que o parto normal é o mais indicado pelos médicos?

De acordo com Guimarães, há uma série de motivos pelos quais o parto normal é o mais indicado por especialistas quando a gravidez não apresenta complicações. Além de evitar problemas respiratórios para o bebê, esse procedimento também traz benefícios para as mães. “A quantidade de sangramento num parto normal é muito menor que a cesariana - o que diminui as chances de infecção -, e recuperação é mais rápida, o que deixa a mulher mais independente para levantar e cuidar do bebê. Também é importante lembrar que o parto normal acontece na hora certa e todo o processo tem um efeito muito interessante que mexe com o psicológico e emocional da mãe, tornando-a mais preparada para a nova fase”, defende o médico.

É possível se preparar e estimular o parto normal durante a gravidez? 

Sim. As mulheres que não abrem mão do parto normal podem ajudar com a saída do bebê durante o pré-natal e o parto. Para isso, há vários exercícios que proporcional um autoconhecimento da pelve, feitos com bolas de pilates ou trabalhando o pompoarismo, uma técnica oriental que consiste na contração e relaxamento dos músculos vaginais.

Quais são as reais indicações para a realização da cesariana?

Apesar de os médicos estimularem o parto normal, alguns casos exigem a realização da cesariana para que os nove meses de gravidez acabem com sucesso. “Por isso que não dá para ser completamente a favor de um ou de outro. Tem que ser a favor do parto que atinge nosso objetivo”, disse Carolina. De acordo com ela, é preciso que seja feita uma avaliação médica antes de indicar a cesariana, mas existem alguns casos comuns como quando bebê está sentado, descolamento de placenta ou gestações em que a criança é muito maior que a pelve da mãe.

Qual a diferença na recuperação entre parto normal e cesariana?

Se o bebê nascer por parto normal, a mãe pode levantar em seguida, não há dores durante a recuperação e os pontos serão expelidos naturalmente. A cesariana, no entanto, é um procedimento cirúrgico. Com isso a mulher levanta entre 6 e 12 horas depois, os pontos devem ser retirados entre 10 e 15 dias após o parto e há dores e distensão abdominal no pós-operatório.

É verdade que a cada parto normal o trabalho de parto fica mais fácil?

Sim. Como no primeiro parto normal o organismo da mãe nunca foi dilatado, o processo costuma demorar mais. Por isso, os partos seguintes costumam ser mais fáceis. No caso da cesariana, o ideal é ter o intervalo de no mínimo dois anos até a realização de outra cirurgia.

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

O que causa a infecção urinária? A infecção urinária é a presença de bactérias no trato urinário, que vem acompanhada de alguns sintomas incômodos. Quando essa infecção acomete a bexiga é chamada de cistite e quando afeta os rins, pielonefrite. No geral, o problema é causado principalmente por germes vindos do intestino. Tanto que, segundo o urologista Milton Skaff Junior, da Beneficência Portuguesa, em 85% dos casos, o problema é provocado por uma bactéria intestinal chamada Escherichia coli

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

Pode ser transmitida sexualmente? De acordo com o urologista Adriano Cardoso Pinto, do Hospital São Camilo de São Paulo, a causa mais comum da infecção urinária não é a transmissão sexual, mas sim uma transmissão ambiental. Ainda assim, vale tomar cuidado. "Mesmo que a transmissão por via sexual seja menos frequente, é preciso lembrar que toda vez em que existir uma bactéria em um dos parceiros, ela pode ser transmitida sexualmente. Se alguém tiver uma infecção urinária com um germe chamado clamídia, por exemplo, ela pode sim comprometer a via urinária e sexual", alertou

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

Existem pessoas com predisposição a ter infecções urinárias? Sim. Há vários motivos que podem facilitar esse problema. Segundo o urologista Milton Skaff Junior, é preciso ficar atento com casos na família, já que os fatores hereditários aumentam as possibilidades, além da baixa resistência e doenças como aids, diabetes e câncer, que também são um agravante. "Outros fatores que estão associados à infecção urinária são uso de espermicidas, múltiplos parceiros, cálculo urinário, resíduo urinário elevado e uso de sondas urinárias"

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

Quais são os sintomas? Dependendo do quadro da infecção, os sintomas podem variar. "Quando a infecção é inicial e só acomete a bexiga, os sintomas são ardência para urinar, aumento da frequência de ir ao banheiro urinar e urgência para urinar. Estes sintomas são típicos da cistite, ou seja, a infecção urinária que acomete apenas a bexiga e não os rins. Quando uma cistite se transforma em uma pielonefrite, ou seja, a infecção no rim, os sintomas são mais fortes e o quadro mais sério e potencialmente grave. Geralmente há febre, vômitos, dores nas costas e o estado geral fica muito comprometido", explica o urologista Conrado Alvarenga, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

Como é feito o diagnóstico? A partir do momento em que o paciente apresentar sintomas da infecção urinária e tiver suspeitas do problema, é recomendado procurar um médico. No geral, o diagnóstico é feito por meio do exame de urina, que mostra a quantidade de germes presentes no trato urinário

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

Por que a infecção urinária é mais comum entre as mulheres? Aproximadamente 15% ou 20% dos casos de infecção urinária são em homens e 80% afetam as mulheres, segundo o urologista Adriano Cardoso Pinto. E isso acontece porque o principal reservatório de bactérias do organismo é o intestino. "Como o ânus é muito próximo da vagina, essa região pode acabar colonizada com bactérias que acabam no sistema urinário. A distância entre o ânus e a vagina é muito menor que o ânus e o canal da uretra no pênis. E esse é o principal fator que diminui os riscos de infecção urinária nos homens", explica

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

Qual o tratamento para a infecção urinária? Normalmente, o tratamento é feito com antibióticos e a escolha deve ser baseada no resultado do exame de urina. Nos casos mais leves, o medicamento pode ser ingerido por via oral. Já nos mais graves, devem ser administrados na veia

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

O que acontece quando a infecção urinária não é tratada? Quando não tratada, a infecção tende a evoluir. "Uma infecção urinaria simples, como uma cistite, quando não tratada adequadamente ou no tempo certo, pode se transformar em uma pielonefrite, que pode gerar um quadro de infecção generalizada, conhecido como sepse. Além disso pode levar a formação de abscessos no rim", alerta Conrado

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

Como evitar a infecção urinária? Apesar de alguns fatores contribuírem para o surgimento da infecção urinária, é possível prevenir o problema com algumas medidas. "As principais dicas são beber muita água - de forma que a urina saia de forma límpida -, urinar depois da relação sexual, não segurar urina por muito tempo e caso este seja um problema recorrente, procurar um urologista para investigar outros fatores que possam estar relacionados a infecção urinária de repetição", aconselha Milton Skaff Junior

Parto normal ou cesárea qual o melhor

1 de 10

É verdade que a infecção pode causar alucinação em idosos? De um modo geral, pessoas com mais idade respondem de maneiras diferentes que adultos e crianças aos processos infecciosos. "É comum que idosos não tenham febre com infecções, por exemplo. O idoso com infecção urinária fica mais frágil. Se ele tiver alguma alteração cerebral, pode desencadear em alguma alucinação, mas isso não faz parte da infecção. É apenas uma reação diferente do organismo", disse Adriano Cardoso Pinto

Fonte: Terra