Explique como é possível uma globalização mais humana

Como já citamos Milton Santos considera a existência de pelo menos três mundos num só. O entendimento de como seriam esses mundos passa pela compreensão do que é a globalização, e, por isso o autor identifica os mundos de acordo com a percepção, com a realidade e com a possibilidade.

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O mundo que percebemos: a globalização como fábula Esse mundo globalizado, visto com fábula, exige um certo número de fantasias. A máquina ideológica faz crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta através da disposição, cada vez maior, de mercadoria para o consumo quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. Podemos indagar se não estamos diante de uma ideologização maciça, segundo a qual a realização do mundo atual exige como condição essencial o exercício de fabulações.
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O mundo real: a globalização como perversidade Para a maior parte da humanidade a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. o desemprego se torna crônico, a pobreza aumenta, novas enfermidades se instalam, a mortalidade infantil permanece, a educação de qualidade é cada vez mais inacessível e o consumo é cada vez mais representado como fonte de felicidade. A perversidade sistêmica está relacionada a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas.
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O mundo como possibilidade: uma outra globalização As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande capital se apoia para construir a globalização perversa. No entanto, essas mesmas bases poderão servir a outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros objetivos, se forem postas ao serviço de outros fundamentos sociais e políticos. O cineasta brasileiro Sílvio Tendler fez um documentário que discute os problemas da globalização sob a perspectiva das periferias. O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos, gravada quatro meses antes de sua morte. Considerado um dos maiores pensadores brasileiros do século XX, Milton Santos não era contra a globalização e sim contra o modelo de globalização perversa vigente no mundo, que ele chamava de globalitarismo. Analisando as contradições e os paradoxos deste modelo econômico e cultural, Milton enxergou a possibilidade de construção de uma outra realidade, mais justa e mais humana. Este documentário está disponível em nove partes.

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"Encontro com Milton Santos:

O mundo global visto do lado de cá" - Parte I


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texto sobre globalização com exercícios:

“Por uma globalização mais humana” - MILTON SANTOS

30 de nov de 1995, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/11/30/fovest/6.html

A globalização é o estágio supremo da internacionalização. O processo de intercâmbio entre países, que marcou o desenvolvimento do capitalismo desde o período mercantil dos séculos 17 e 18, expande-se com a industrialização, ganha novas bases com a grande indústria, nos fins do século 19 e, agora, adquire mais intensidade, mais amplitude e novas feições. O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de trocas: técnicas, comerciais, financeiras, culturais.

Vivemos um novo período na história da humanidade. A base dessa verdadeira revolução é o progresso técnico, obtido em razão do desenvolvimento científico e baseado na importância obtida pela tecnologia, a chamada ciência da produção.

Todo o planeta é praticamente coberto por um único sistema técnico, tornado indispensável à produção e ao intercâmbio e fundamento do consumo, em suas novas formas.

Graças às novas técnicas, a informação pode se difundir instantaneamente em todo o planeta e o conhecimento do que se passa em um lugar é possível em todos os pontos da Terra.

A produção globalizada e a informação globalizada permitem a emergência de um lucro à escala mundial, buscado pelas firmas globais constituindo o verdadeiro motor da atividade econômica.
Tudo isso é movido por uma concorrência superlativa entre os principais agentes econômicos - a competitividade.

Num mundo assim transformado, todos os lugares tendem a tornar-se globais e o que acontece em qualquer ponto do ecúmeno (parte habitada da Terra) tem relação com o acontecer em todos os demais.
Daí a ilusão de vivermos num mundo sem fronteiras, uma aldeia global. Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados, as grandes organizações internacionais.

Infelizmente, o estágio atual da globalização está produzindo ainda mais desigualdades. E ao contrário do que se esperava, crescem o desemprego, a pobreza, a fome, a insegurança do cotidiano, num mundo que se fragmenta e onde se ampliam as fraturas sociais.

A droga, com sua enorme difusão, constitui um dos grandes flagelos desta época.

O mundo parece, agora, girar sem destino. É a chamada globalização perversa. Ela está sendo tanto mais perversa porque as enormes possibilidades oferecidas pelas conquistas científicas e técnicas não estão sendo adequadamente usadas.

Não cabe, todavia, perder a esperança, porque os progressos técnicos obtidos neste fim de século 20, se usados de uma outra maneira, bastam para produzir muito mais alimentos do que a população atual necessita e aplicados à medicina reduziriam drasticamente as doenças e a mortalidade.


Um mundo solidário produzirá muitos empregos, ampliando um intercâmbio pacífico entre os povos e eliminando a belicosidade do processo competitivo, que todos os dias reduz a mão-de-obra. É possível pensar na realização de um mundo de bem-estar, onde os homens serão mais felizes, um outro tipo de globalização. 

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Sugestão de atividades:

1) Explique o que o autor quis dizer com a afirmação: "O mundo inteiro torna-se envolvido em todo tipo de troca: técnica, comercial, financeira e cultural".

2) Cite alguns problemas que o texto apresenta em relação à globalização.

3) Explique qual o significado de "globalização perversa"?

4) O autor afirma que: "Na realidade, as relações chamadas globais são reservadas a um pequeno número de agentes, os grandes bancos e empresas transnacionais, alguns Estados e as grandes organizações internacionais". Cite alguma organização internacional importante para o processo atual de globalização.

5) Explique como é possível "uma globalização mais humana"?

O que te vem à mente quando falamos de globalização?

Integração economia, mercado financeiro global, tecnologias (especialmente as de informação), cultura de massa, geopolítica, enfraquecimento do estado-nação e das fronteiras etc...

Tudo isso está sim relacionado à globalização.

Como nos lembra o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, Globalização "é um conjunto de relações sociais que se traduzem na intensificação das interações transnacionais, sendo o processo de globalização um fenômeno multifacetado com dimensões econômicas, sociais, políticas, culturais, religioso e jurídicas interligadas de modo complexo".

Mas, há uma discussão sobre a origem da globalização. De quando ela começou. Alguns estudiosos identificam seu início no período das grandes navegações e grandes descobertas ou até mesmo antes. Porém, é possível perceber claramente seu aprofundamento a partir da década de 1980 especialmente do ponto de vista econômico-financeiro.   

Para Milton Santos, geógrafo brasileiro, a globalização é o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista. Neste contexto, ele enxerga três diferentes mundos em um só: O primeiro seria o mundo como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o outro, o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e por fim, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.

As fábulas presentes nos discursos sobre globalização querem que acreditemos na ideia de que o mundo se tornou uma aldeia global graças à possibilidade de comunicação instantânea mundial e que a contração do espaço-tempo é uma realidade para todos, já que os meios de transportes evoluíram acelerando a movimentação de pessoas e mercadorias pelo mundo.

O desfacelamento das fronteiras e a cidadania mundial são outras fábulas do mundo globalizado. Basta lembrarmos da atual crise migratória que vivemos e as promessas de construção de muros pelos países ricos.

Para Milton Santos, apesar de o mundo tornar-se unificado, em virtude das atuais condições técnicas que são uma base sólida para as ações humanas mundializada, a globalização se impõe à maior parte da população como perversidade. Vive-se uma dupla violência: a tirania do dinheiro e a tirania da informação. A apropriação das técnicas de informação por alguns Estados e por algumas empresas aprofundam os processos de desigualdades.

Para Bauman ao mesmo tempo que a globalização divide, ela une. Ao mesmo tempo que ocorre o processo globalizador, é colocado em movimento o processo localizador. Ser local num mundo globalizado é sinal de privação e degradação social.

Continuando com a leitura que Milton Santos faz, temos o mundo como ele pode ser. Uma globalização mais humana. Para ele, a globalização como está posta hoje não é irreversível. Outros usos são possíveis para os sistemas técnicos que hoje são usados pelos atores hegemônicos. Nota-se hoje tecnologias, criadas dentro do capitalismo e a seu serviço, sendo usadas por e para as classes subalternas, possibilitando visibilidade, voz e organização. As lutas sociais e ecológicas ganham o mundo a partir das novas técnicas criando condições favoráveis à mobilização das populações do mundo.

E para você, como a globalização pode ser?

Publicado por: Bruno Magnum Pereira