Como ocorreu a formação do Brasil a partir de 1500

O povo brasileiro é resultado de um processo chamado de miscigenação, isto é, a mistura de várias etnias. Por essa razão, a população brasileira é classificada como multirracial.

A história da composição da população do Brasil pode ser contada pelo processo de formação do país, especialmente a partir da chegada dos navegantes portugueses ao território, que mais tarde seria chamado de Brasil, no ano de 1500.

A formação dessa população miscigenada aconteceu através de diversos processos ao longo da história. Muitos povos fizeram parte do processo de formação do povo brasileiro: indígenas, africanos, europeus e asiáticos.

Isso aconteceu principalmente em razão das diferentes nacionalidades que chegaram ao país, por duas razões principais: devido aos processos de colonização e imigração. Ao chegarem aqui, juntaram-se aos povos originários que habitavam a região: os indígenas.

A presença indígena

Os povos indígenas são os habitantes originários do Brasil, quando o território ainda não tinha esse nome. Existiam inúmeras etnias indígenas que viviam na região e ocupavam diferentes espaços do território.

Nessa época, viviam em grandes comunidades, chamadas de tribos, e tinham sua subsistência baseada na utilização do que era provido pela natureza: caça, pesca e colheita de alimentos.

Estima-se que cerca de 3 milhões de indígenas habitavam a região no momento da chegada dos portugueses. Segundo a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), apenas 150 depois, em 1650, a população indígena já havia sido reduzida para cerca de 700 mil pessoas.

Atualmente, conforme o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população indígena é de aproximadamente 800 mil pessoas.

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Os colonizadores portugueses

O primeiro acontecimento que marca o início da mistura do povo brasileiro é a chegada dos colonizadores portugueses à região brasileira, datada de abril de 1500.

Ao chegarem, os portugueses depararam-se com a grande população indígena que já vivia em terras brasileiras.

A chegada dos portugueses não foi um processo pacífico para a região e para os habitantes que já viviam no território, visto que os colonizadores se interessaram pela diversidade de riquezas naturais encontradas nas terras brasileiras.

Como ocorreu a formação do Brasil a partir de 1500
Como ocorreu a formação do Brasil a partir de 1500
O quadro Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500 representa a chegada dos portugueses ao território brasileiro (Oscar Pereira da Silva/1900).

Foi a partir desse acontecimento que ocorreram as primeiras miscigenações, pelo nascimento de novas gerações compostas por filhos de indígenas brasileiras e colonizadores portugueses.

O povo originário do continente africano chegou ao país por meio de um processo de escravização, a partir do século XVI.

Os africanos foram retirados de seus países, escravizados e trazidos ao território do Brasil pelos europeus, para trabalhar principalmente nas plantações de café e cana-de-açúcar que começaram a ser cultivadas. Muitos escravos também foram obrigados a trabalhar na extração em minas de ouro.

Além de serem forçados a estes rígidos trabalhos físicos, os escravizados africanos também serviam às famílias aristocratas que dominavam o poder econômico da época.

Somava-se ao processo de escravização a comercialização de escravos africanos, considerada pelos portugueses como um negócio lucrativo.

Os povos africanos foram escravizados depois de tentativas frustradas de escravização dos povos nativos do país, que - tanto quanto puderam - resistiram às tentativas portuguesas de trabalho forçado. Entretanto, é importante saber que no período inicial da colonização os indígenas também fizeram inúmeros trabalhos forçados.

A escravidão só foi abolida no país em 1888, por meio da assinatura da Lei Áurea.

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Como ocorreu a formação do Brasil a partir de 1500
A obra Regresso de um proprietário retrata a escravidão no Brasil (Jean-Baptiste Debret/1816).

Ainda que sua chegada ao país tenha sido pelo violento processo de escravidão, os hábitos trazidos pelos povos africanos são uma das mais fortes influências da cultura do país, sendo fundamentais no processo de formação da população.

São heranças africanas que fazem parte da cultura brasileira: religiões como o Candomblé e o culto aos Orixás, a música e o hábito do consumo de alimentos como feijão e mandioca.

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A imigração europeia além dos portugueses

Algum tempo depois, começou a ocorrer o processo de imigração europeia, iniciado aproximadamente em 1850, após a proibição oficial do tráfico de escravos no país.

A partir desse momento, começaram a chegar ao país imigrantes europeus de diversas nacionalidades, que também fazem parte da formação do povo brasileiro.

Além de portugueses, chegaram ao Brasil: italianos, alemães e espanhóis. Em menor quantidade, também imigraram para o país, russos, ingleses, suíços, húngaros e poloneses, entre outros.

A chegada desses imigrantes foi fortalecida pela ocorrência de guerras no continente europeu e a maioria destes imigrantes passou a trabalhar na agricultura de grandes fazendas, principalmente as produtoras de café.

Estes imigrantes formaram colônias no país, seus hábitos e costumes também fizeram parte da formação da cultura e da sociedade brasileira.

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A imigração japonesa

Os imigrantes japoneses também fazem parte do processo de formação da população brasileira.

Os primeiros imigrantes chegaram ao país no começo do século XX e instalaram-se em São Paulo e no Paraná. Os dois estados possuem as maiores colônia japonesas ainda hoje.

A chegada desses imigrantes aconteceu especialmente pela necessidade de aumentar o número de pessoas dispostas a trabalhar nas plantações destes dois estados. O processo ocorreu a partir um acordo de abertura de imigração firmado entre os governos do Brasil e do Japão.

Estima-se que atualmente vivem no país cerca 1,5 milhões de descendentes de japoneses.

Para saber mais sobre o assunto, veja também os significados de miscigenação, identidade cultural e diversidade cultural.

A Formação Territorial do Brasil

A formação territorial do Brasil remonta ao século XV, durante a Era dos Descobrimentos. Para evitar conflitos entre as monarquias ibéricas, Espanha e Portugal assinaram o Tratado de Tordesilhas em 1494. Esse acordo estabelecia os limites das terras a serem ocupadas na América. A partir de então, a formação territorial do Brasil ocorreu por meio de uma série de iniciativas: os portugueses exploraram o litoral, especialmente o do Nordeste, e os colonos partiram em expedições em busca de mão de obra e metais preciosos.

O Tratado de Tordesilhas, estabelecido em 1494, definiu a divisão das terras descobertas entre as duas potências marítimas do início da Época Moderna: Portugal e Espanha. Sendo assim, coube a Portugal o domínio sobre uma pequena parcela do continente americano, restrita ao litoral brasileiro. Outras nações europeias, no entanto, questionaram a divisão estabelecida pelas potências ibéricas e procuraram, ao longo dos séculos XVI e XVII, apossar-se de parte do seu território colonial. O Brasil, por diversas vezes, foi alvo de incursões e invasões estrangeiras, algumas delas causadoras de violentos conflitos. A resistência lusa, porém, evitou a tomada de territórios coloniais por nações europeias.

Como ocorreu a formação do Brasil a partir de 1500

A partir do final do século XVI e ao longo do século seguinte, deu-se a expansão e ocupação do território colonial brasileiro. Fatores de diversas ordens contribuíram para isso, com destaque para os militares e econômicos. Assim, em meados do século XVIII, o território brasileiro estava praticamente definido com as dimensões atuais.

A penetração para o interior promoveu o desenvolvimento de algumas atividades econômicas, como a extração das “drogas do sertão”, a pecuária e a mineração. Todavia, essa interiorização do povoamento levou ao extermínio de parte de nossa população indígena.

As invasões estrangeiras

Assinado em 1494 por Portugal e Espanha, o Tratado de Tordesilhas provocou até um comentário irônico do então rei da França, Francisco I, insatisfeito com a exclusão de outras nações europeias da partilha. Disse ele: “Gostaria que espanhóis e portugueses mostrassem onde está o testamento de Adão, que dividiu o mundo entre Portugal e Espanha”.

Mas não foram apenas os franceses que manifestaram seu descontentamento com o tratado: ingleses e holandeses, que também davam início ao seu processo de expansão marítimo-comercial, sentiram-se prejudicados. Na verdade, tal insatisfação tinha sua razão: o domínio sobre vastos territórios, no contexto mercantilista, garantia riqueza e poder aos países ibéricos, que exploravam com exclusividade as terras americanas.

Em função disso, franceses, ingleses e holandeses decidiram desrespeitar os termos do tratado: passaram a contrabandear, a saquear as riquezas provenientes da América e, até mesmo, a invadir o território, inclusive o Brasil.

Os franceses no Rio de Janeiro

Os franceses, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, realizaram incursões no litoral, com o objetivo de contrabandear o pau-brasil. Chegaram, inclusive, a fundar feitorias, que foi o motivo que levou as autoridades portuguesas a darem início à colonização e à ocupação efetiva do território colonial, pois temiam perdê-lo para os corsários franceses.

Contudo, não foram razões econômicas que determinaram a ocorrência da primeira invasão francesa ao Brasil, em 1555. Os franceses que desembarcaram na região onde hoje se situa o Rio de Janeiro, dispostos a fundar uma colônia que se chamaria França Antártica, eram, em sua maioria, protestantes huguenotes, violentamente perseguidos em seu país por motivos religiosos. A liderança da invasão coube a Nicolas Durand Villegaignon e foi auxiliada pelo almirante Coligny. A invasão foi apoiada pelo próprio rei da França, Henrique II.

Como ocorreu a formação do Brasil a partir de 1500

Os franceses conquistaram a simpatia dos indígenas tamoios e formaram com eles a chamada Confederação dos Tamoios. Graças a essa união, os portugueses, sob o comando do governador-geral, Duarte da Costa, não conseguiram expulsar os invasores. Isso resultou na substituição do governador-geral por Mem de Sá. Este buscou o apoio dos colonos e dos padres jesuítas – que já haviam estabelecido relações cordiais com os indígenas – e solicitou auxílio militar da Metrópole. Os reforços chegaram em 1563, com uma expedição chefiada pelo sobrinho do governador, Estácio de Sá. Mem de Sá já havia firmado uma aliança com Arariboia, chefe das tribos temiminós, inimigas dos tamoios.

Os jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta serviram de inter­mediários nas negociações entre portugueses e tamoios para a obtenção da paz. A interferência dos reli­giosos teve êxito e, em Iperoig, foi assinado um armistício, que privava os invasores franceses de um aliado vital.

Enfraquecidos, os franceses fo­ram derrotados e expulsos do Rio de Janeiro pelos portugueses, em 1567. Dirigiram-se, então, para o norte e nordeste do Brasil. A luta contra os invasores favoreceu o povoamento da Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Pará e Maranhão.

Em 1612, os franceses invadiram o Maranhão e fundaram a França Equinocial. Daniel de La Touche, comandante francês, deu início à formação da cidade de São Luís - atual capital do Maranhão -, nome dado em homenagem ao então rei da França, Luís XIII. Os portugueses, liderados por Jerônimo de Albuquer­que e Alexandre de Moura, reagiram aos invasores, que foram expulsos definitiva­mente do território brasileiro em 1615.

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